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JBS vai fazer campanha de marketing

Pela primeira vez, em quase 60 anos de história, o maior produtor de carnes do mundo está fazendo uma campanha de marketing, criada pela agência Fischer.
O executivo, habituado à operação menos complexa dos abatedouros, vai ter de se familiarizar com a rotina típica das grandes empresas de bens de consumo. A campanha não é uma ação isolada. O JBS quer deixar de ser conhecido apenas como um frigorífico para se tornar uma empresa de marca.
"Com o tamanho que a empresa tomou, ficou clara a necessidade de construir marcas de valor agregado", diz Renato Costa, presidente da divisão de carnes do JBS. Em outras palavras, o grupo quer aumentar a rentabilidade. Vender um quilo de hambúrguer dá muito mais dinheiro do que o mesmo quilo de carne in natura. Hoje, um produto de "valor agregado" da companhia traz uma margem de lucro de duas a quatro vezes maior do que um sem marca.
A primeira fase da campanha vai reforçar o nome Friboi, que está na origem do frigorífico. Num segundo momento, a partir de 2012, o JBS vai colocar a marca Swift na praça. De um portfólio de 52 marcas, sobrarão apenas essas duas. Com isso, Bertin, por exemplo, deixa de existir. A grande maioria era de nomes desconhecidos, que vieram junto com as aquisições em série feitas pelo grupo nos últimos dez anos.
A Friboi será a marca popular, com preços 10% inferiores aos da Swift, que concorrerá com Sadia e Perdigão em categorias como hambúrgueres, linguiças, almôndegas e pratos prontos congelados. No ano que vem, a marca também virá estampada numa linha mais elaborada de carnes in natura já temperadas ou embaladas em porções.
Adquirida em 2007, a Swift é forte nos Estados Unidos, Argentina e Austrália, mas no Brasil ainda é muito associada a carnes enlatadas e salsichas. "Em compensação, descobrimos que a marca não tinha rejeição. Ou seja, temos um campo aberto para explorar", diz Marcio Gonzalez, que chegou ao grupo em janeiro deste ano para chefiar o departamento de marketing e conduzir a mudança de imagem.
A tarefa de Gonzalez é árdua. Até a sua chegada, o JBS sequer tinha um departamento de marketing estruturado na divisão de carnes - de longe, o principal negócio do grupo de R$ 55 bilhões de receita. Além de consumir muito dinheiro, exige uma mudança cultural.
Na visão de um ex-executivo do frigorífico, é um processo que vai levar tempo, porque, segundo ele, o JBS sempre operou com uma filosofia de baixo custo, com fábricas independentes e com um produto que 'sai da bica' (de produção rápida). "Não adianta fazer campanha na TV se não tiver padrão e diferenciação", diz ele.
Pelas estimativas do mercado publicitário, a campanha de estréia do JBS vai custar entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões. A verba de marketing para o próximo ano, que inclui filmes publicitários e ações em ponto de venda, deve variar de R$ 120 milhões e R$ 150 milhões, segundo o Estado apurou.
A cifra é mais modesta que a do mercado. Para ter uma ideia, a verba anual de marketing da BRF, dona de marcas consolidadas como Sadia e Perdigão, é superior a R$ 600 milhões. Na Hypermarcas, a maior empresa de bens de consumo do País, esse número é de cerca de R$ 500 milhões por ano.
A expectativa de retorno do investimento, porém, é alta. O grupo espera triplicar as vendas de produtos com marca já no próximo ano, passando de um negócio de R$ 2 bilhões para R$ 6 bilhões ao ano.

 

FONTE: https://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-do-boi/jbs-vai-fazer-campanha-de-marketing-75593n.aspx

 

 

 

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Problema com vermífugo desafia exportações brasileiras

 

O governo ainda não tem um plano para combater as frequentes detecções de ivermectinas, uma categoria de vermífugos, nas carnes brasileiras. O problema se alastra pela indústria, que diz ser impossível testar todos os carregamentos.

Só em 2011, já foram realizados 253 testes em que foram detectadas violações em seis amostras, 2,37% do total. O Ministério da Agricultura já estima que o número vai ultrapassar 3% até o fim deste ano.

A solução para o problema, segundo representantes de vários setores da pecuária, presentes em audiência pública ontem na Câmara dos Deputados, deve ser uma forte política pública na área de educação sanitária.

O cuidado com a aplicação do produto e o respeito ao tempo de abate foram as principais preocupações do setor.

Durante a audiência pública, ficou claro que a solução do problema está distante. A falta de receita para comprar os produtos, o uso em excesso e a falta de observância às informações da bula foram diagnosticados como causadores das violações.

Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), existem mais de 100 produtos no mercado que podem ser comprados até pela internet. O presidente do Sindan, Ricardo Pinto, disse que 99% das violações acontecem por falta de observância às informações da bula.

Na contramão, o presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA, Antenor de Amorim Nogueira, disse que querem colocar a culpa no produtor. "Quase me convenceram que a culpa é do produtor. Está óbvio aqui que todos acham isso". Para ele, a bula contém informações erradas e só exigir o receituário não será o bastante.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) diz que ao receber um animal, o produtor informa que aplicou na hora certa e respeitou o tempo de retirada. Além disso, os frigoríficos testam a presença de resíduos em três etapas da produção, inclusive após enlatar o alimento.

Mesmo assim, de acordo com o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, não se pode ter 100% de certeza sem checar todos os produtos, sem exceção. "Com essa infinidade de testes, acabamos perdendo competitividade. Já gastamos R$ 12 milhões até outubro deste ano com testes para detecção", afirmou.

Em vez de tentar reduzir a quantidade do produto nas carnes exportadas, o Ministério da Agricultura está questionando a decisão dos Estados Unidos em reduzir os vestígios de 100 ppm (partes por milhão) para 10 ppb (partes por bilhão). Diante da decisão de Washington, em maio de 2010, o próprio Ministério suspendeu até dezembro daquele ano as vendas ao país, o que fez com que o produto brasileiro perdesse quase metade do mercado americano.

Fonte: jornal Valor Econômico, adaptada pela Equipe BeefPoint.